Basicamente Morto

Basicamente Morto

O sono é apressado. Não dá tempo para espreguiçar-se porque, além do choro do herdeiro, já deu hora de vender o dia para pagar a noite. O homem acorda para o trabalho desacordado da própria vida acerca dele: é impossível ler Machado com o cabo do machado na mão. Então, labuta. Lê-se assim a manhã anunciada.
Trabalha. Trabalhar enche barriga, aprendeu. Tantos quanto os anos passados, mais calos. No coração, inclusive. Machado. Novamente o que desbasta na força. Do outro, bastam-lhe seus tantos calos cuidando doer para defenestrá-lo de sua vida. Pena. Tanta.
Acorda, mas, em poucos sentidos. Pobres. Ricos poderiam, ou, haveriam de ser, mas há os calos. Estão lá… O sono é apressado, o choro contínuo. Haveria de acordar, haveria, mas há o machado, e é noite antes e depois do escurecer. É noite. Raiar-lhe o dia cuidaria o machado. Cuidaria. Tantos mais quanto os calos tornar-se-iam.

Anderson Ribeiro


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