Desapego
Arrotava verde perfeito
Mas sangrava amarelo absurdo
Com face azul falsidade
E branco nada a ver
Era os outros nele mesmo
Um tanto de cada e nada de si
Casca enfeitada
E recheio vazio
Rimava sorte com risco
Gozava ritos do próximo
Sonhava céleres ganhos
Pisava extensos desertos
Dava a vida pela vaga
Assustava desafios
Entortava um vão futuro
Retumbava um fel ridículo
Cercava amigos com juras
Amava fácil com preço
Cavava raso seu prumo
Atordoava os sentidos
Desapegado de um norte
Esmigalhado da alma
Esfomeado da gula
Abarrotado de vácuo
Insaciado de vendas
Distanciado dos frutos
Desabitado de prendas
Anunciado o seu luto
Anderson Ribeiro
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