Buracos de Minhoca

Buracos de Minhoca

A gente espreme a vida um pouquinho e descobre caminhos
Gente que tem um abraço nos olhos e chaves nas mãos
Gente que sabe que bondade seletiva é só interesse
Gente que a voz nos previne de imbróglios

A receita para se matar um poeta
É temperada com concreto e pressa
E dos poemas que fiz, tudo rejeito
À receita para se matar um poeta
Se mistura ismos do ego
Poetas não tem caráter, gesso da poesia, eles tem dor
Desbravam com palavras e cauterizam com lágrimas

É que eu sou de antigamente
E me evaporo ainda démodé
O oráculo das impossibilidades
É o morro que me mata
A vaidade dos infinitivos
É efêmera mas ordinária
Perder o sorriso é a pena, pássaro!
Que pena!

O infinito cabe num acorde
O silêncio pede mais cuidado
O apelo traz o desespero
O soluço grita o desamparo

Eu vivo do ontem
Que ainda há de acontecer
Hoje hesito
Não existo!

Anderson Ribeiro


Descubra mais sobre Undersongh

Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

Deixe uma resposta

Este site utiliza o Akismet para reduzir spam. Saiba como seus dados em comentários são processados.