Cada macaco no seu galho clonado
É notório o fato do homem, diferentemente dos outros animais desprovidos de pensamento racional, ser capaz de produzir meios tecnológicos específicos para cada aplicação visando o uso coletivo. O fato é que, na generalização das necessidades, desfaz-se então, o homem, da individualidade inerente e específica de cada ser. O ritmo desenfreado e absoluto dos avanços tecnológicos anula a cada dia as relações interpessoais. O que antes era despretensiosamente humano torna-se, parafraseando Pierre Lévy, um verdadeiro projeto político que admita a cidade contemporânea sendo povoada por máquinas, microorganismos, forças naturais, equipamentos de silício e de cimento, tanto quanto por humanos.
A atualidade é passado distante em pouco tempo. Os desenvolvedores de tecnologia, ávidos por implementá-las logo, dão aos consumidores diferentes respostas iguais, coletivas. Valores outrora tidos como tradicionalmente indispensáveis ao bem estar de uma minoria, ou mesmo do indivíduo, extinguem-se. O Tempo que fluía, segundo Frei Beto, ao ritmo das estações, corre tão surpreendentemente quanto um infarto. Um por todos e todos por todos. É o indivíduo globalizado.
Mesmo sabendo criar, a vida contemporânea se esvai destemperada, sem provas ou degustação prazerosa (por falta de tempo). Cada qual com seu querer igual ao do vizinho mais próximo e também do mais distante; é como se assim fosse. A tecnologia criada ignora seu criador se assim se fizer necessário para a construção de uma nova tecnologia.
Texto acerca das idéias de Pierre Lévy no livro As Tecnologias da inteligência.
Anderson Ribeiro
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